atividade de literatura.
O negrinho do Pastoreio
Há tempos atrás na região dos
pampas, havia um estancieiro muito rico, porém muito egoísta. Ele tinha um
filho que era a única pessoa de quem gostava. E para lidar na fazenda possuía um
escravo, o qual o nome não importava então era apenas chamado de negrinho.
O
escravo era muito mal tratado pelo estancieiro. Algo que Carlos, seu filho,
desaprovava muito, mas não contestava, pois queria que seu pai sentisse orgulho
de sua postura.
- Como posso suportar? Meu
pai maltrata o pobre negrinho e não posso fazer nada, tenho que impressiona-lo.
Se ao menos tivesse metade das habilidades daquele escravo, não precisaria
aturar essas torturas com o pobre coitado. Mas não tenho nada a oferecer ao meu
pai alem de provar que concordo com suas opiniões horríveis.
Haveria
na cidade uma corrida de cavalos que traria ao vencedor mil onças de ouro. O estancieiro
logo escalou o negrinho na corrida comandando o cavalo baio que era muito
querido por ele. Carlos não quis nem pensar no que ia acontecer caso o guri
perdesse a corrida.
Após uma
disputa muito acirrada o cavalo mouro ganhou do baio e o negrinho foi amarrado
ao palanque para ganhar muitas chibatadas. O coitado gemia, chorava, sofria de
tanta dor e enquanto isso Carlos gritava para seu pai estancieiro:
- bata
mais forte e ensine uma lição para esse escravo incompetente pai!
- Isso
mesmo meu filho ele merece sofrer!
Por
dentro o filho do estancieiro estava desmoronando, odiava assistir aquele horrível
castigo, mesmo assim se sentia na obrigação de ajudar o pai a realiza-lo. O
negrinho após ser bastante machucado, adormeceu no feno pensando em sua única amiga,
Virgem nossa senhora.
No dia
seguinte o estancieiro foi até o celeiro e percebeu que seu cavalo baio e todo
seu rebanho haviam fugido. Pegou seu chicote e foi atrás do negrinho:
- Você
deixou meu cavalo fugir! Eu vou te matar desgraçado!
- não senhor,
não fui eu, por favor, tenha piedade, eu irei encontra-lo, eu prometo!
- tu
tens até amanha cedo negrinho, se não encontrar será o teu fim.
O escravo
procurou por toda a estância, a tarde se passou e com o céu escuro acendeu uma
vela e rezou para sua madrinha virgem nossa senhora para ajuda-lo. Ao longe na
escuridão avistou o cavalo e o rebanho. Pulando de alegria recolheu todos ao
celeiro e adormeceu, sem medo pela primeira vez em muito tempo. Carlos assistiu
da janela o negrinho trazer o rebanho, seu pai já estava dormindo.
- o
escravo achou o cavalo, meu pai ficará muito satisfeito. Alias ele só da bola
para esses animais e para as funções do negrinho. Talvez se eles sumissem de
vez ele me daria atenção e carinho.
Então o Carlos
foi até o celeiro e soltou o rebanho e o cavalo, e foi dormir. No dia seguinte
acordou com os berros de seu pai:
-Eu
sabia que tu não irias conseguir achar negro, esse rebanho era meu sustento,
agora tu sofreras como nunca!
O estancieiro bateu no
negrinho até ele não conseguir mais respirar. Depois o jogou em um formigueiro
para as formigas devorarem sua pele machucada.
Carlos estava cheio de
remorso, não pensava que tiraria a vida do negrinho soltando os animais na
noite anterior, mas resolveu esquecer isto e se aproximar do pai. Os dois
estavam conversando quando perceberam um movimento no lado de fora da casa. Da terra
estava se erguendo um guri de pele carvão e lisa, sem nenhuma ferida, sarado e
sorridente. O estancieiro e seu filho não acreditavam no milagre que estavam
vendo, e começaram a pedir perdão para o negrinho. O escravo não disse nada. Apenas
seguiu em frente galopando em seu cavalo e conduzindo o rebanho.
Diz à lenda que o negrinho
ajuda a todos que perderam algo. Basta acender uma vela para Virgem Nossa
Senhora em troca, que ele irá ajudar.